terça-feira, 11 de outubro de 2016

1963-1975 - Funcionário da Cia. Editora Nacional

Em 1963 fui admitido como revisor e futuro subchefe de revisão na Cia. Editora Nacional, da rua dos Gusmões, 639, em São Paulo-SP; só fui registrado em 1965 mas, já em 1966, fui promovido a chefe do departamento de revisão, que incluía a preparação de originais. Aí permaneci até 1975, logo depois da morte do dono, Octalles Marcondes Ferreira, e do "encampamento" pelo BNDES, com um coronel reformado como gestor. O que se ouvia na época era que capitalistas portugueses fugindo da Revolução dos Cravos estariam interessados em adquirir a empresa, que naquele momento era a maior editora de livros didáticos do Brasil e possuía um amplo catálogo que incluía coleções importantes, como a Brasiliana, entre outras. Houve chiadeira por alguns empresários brasileiros do ramo, contrários a essa aquisição, e assim a José Olympio Editora se prontificou a incorporá-la. Aí descobriu-se que a José Olympio estava mal das pernas e não teria como honrar a transação. Foi então que por um período o BNDES "interveio" em ambas e passou a gerir as empresas. Me ofereceram um cargo de diretor editorial de fachada, ao qual recusei, pois nunca tive a mínima pretensão de me tornar funcionário público. Negociei um acordo de que poderia ficar alguns meses "ensinando o serviço" a quem fosse designado, em troca de me mandarem embora para que eu pudesse sacar meu Fundo de Garantia. Mas, conforme o tempo passava, começaram a me chantagear para me obrigar a permanecer, ameaçando que não cumpririam o acordado, ou seja, não me despediriam. Mandei-os às favas e saí. Aliviado e livre, com planos para sacar o FGTS de acordo com o que a lei determinava: montando uma empresa.E pelo menos um autor, Osvaldo Sangiorgi, insistiu que eu continuasse retrabalhando seus livros de Matemática, levando-os em minha casa e pagando o serviço generosamente e do próprio bolso.
Meu filho chegou a ser chamado para assessorar o coronel pouco tempo depois. Conversou com ele, mostrou que tinha conhecimento suficiente para ajudar um leigo a entender uma editora, além de ideias para retomar especialmente a coleção Brasiliana, e obteve a aprovação do "patrão", que o encaminhou para discutir o salário com o diretor-financeiro; este, ao ouvir a resposta sobre a pretensão salarial, aproximou-se e cochichou: "nem eu ganho isso". Meu filho respondeu: "problema seu", e saiu saltitando de felicidade.
  
Eis a Carteira Profissional com alguns registros dessa época, e também o documento da rescisão de meu contrato:





Para terminar, um pequeno trecho sobre o fim e recomeço da Nacional:





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